DIPED reuniu professores e familiares para abordar relatos de prática que tiveram sucesso no Seminário “Cotidianidade em Diálogo: A Garantia dos Princípios Curriculares da Educação Infantil Paulistana”
No dia 11 de novembro, a Divisão Pedagógica (DIPED) da Diretoria Regional de Educação de Santo Amaro (DRE – SA) realizou um Seminário para evidenciar a materialização dos princípios do Currículo da Educação Infantil neste ano de 2023.
Realizado no auditório do CEU Caminho do Mar, o evento reuniu educadores de Unidades diretas e parceiras em um momento formativo para conhecerem práticas pedagógicas organizadas para garantir o direito de bebês e crianças. Durante o dia, houve relatos de prática das professoras Juliana Silva Bomfim, Maria Alcileide do Céu e Tatiana Soeiro Campos, do CEU CEI Caminho do Mar, que dissertaram sobre a prática denominada O Livre Brincar dos Bebês, em encontro mediado pela professora Shirley Oliveira.
Já no período da tarde, mediado pela professora Doselene Carvalho de Oliveira Barreto, as professoras Flaviane Dantas Landin, Mirian Maria de Melo Silva e Rosiane Francisca da Silva, do CEU EMEI Caminho do Mar, apresentaram sua prática chamada Convites do Brincar.
Abaixo, saiba um pouco mais do que aconteceu!
O Livre Brincar dos Bebês
As professoras Juliana, Maria Alcileide e Tatiana, abordam em seu relato a ressignificação da prática pedagógica a partir de um "estudo de caso" acerca do brincar e dos movimentos livres dos bebês.
Sala de referência da proposta O Livre Brincar dos Bebês
A sala de referência, composta por 3 agrupamentos de bebês de 2 meses a 1 ano e 5 meses de vida, foi modificada para possibilitar o brincar livre, ou seja, que os bebês pudessem manipular, explorar, coletar, encaixar, colecionar e construir. O excesso de mobiliários e tatames, dificultavam deslocamentos como arrastar e engatinhar. Assim, os móveis e tatames foram retirados, o espaço redimensionado e o olhar para as possibilidades de brincar e se desenvolver na sala de referência foi potencializado.
Bebê se divertindo na sala de referência
Além do espaço, o grupo de educadoras também desenvolveu uma nova forma de alimentar cada bebê, focando no momento individual de cada um deles.
Através dos estudos do Currículo da Cidade da Educação Infantil e Orientação Alimentar, as professoras trocaram os cadeirões de alimentação por uma mesa pequena de madeira, trazendo maior segurança e acolhimento. Já para os bebês ainda bem pequenos, a escolha pelo colo mostrou-se assertiva, porque, dessa forma, mantiveram o contato corporal com eles, o que reforça o vínculo criado entre bebê e professora.
Professora alimentando bebê
Convites do Brincar
À tarde, as professoras Rosiane Francisca da Silva, Flaviane Dantas Landin e Mirian Maria de Melo Silva, do CEU EMEI Caminho do Mar, apresentaram a proposta de organização pedagógica, concebida pelas educadoras, e, reorganização da sala de referência, por meio do Convites do Brincar (clique aqui para acompanhar como funciona na prática).
Segundo as professoras, a retirada de mesas e cadeiras das salas de referência, possibilitaram proporcionar várias opções de brincadeiras às crianças, como brincar de casinha, com carrinhos, com bonecas, com fantasias, com areia colorida, com dinossauros e/ou com jogos de tabuleiro.
Apresentação do Convites do Brincar
“Quando colocamos a escuta ativa em prática e sentamos para escutar as crianças, facilita muito o trabalho. Minha antiga concepção era que mesa e cadeira ‘seguravam’ as crianças, mas, ao abandonar esse conceito, juntamos os materiais disponíveis que tínhamos para as crianças brincarem e percebemos que isso também ‘segurava’ elas”, afirmou Flaviane.
Professoras do Convites do Brincar. Em ordem, da esquerda para a direita: Flaviane Dantas Landin, Mirian Maria de Melo Silva e Rosiane Francisca da Silva
Convidado para falar sobre a proposta, Heitor Dias Paiva, estudante da turma, juntamente com sua mãe, relatou sua experiência com o Convites do Brincar:
“Na minha escola, a gente não fica sentado. Quando chegamos lá, não tem mesas e cadeiras, mas sim várias opções para brincar…Tem dinossauros, fantasias e carrinhos”.
Heitor Dias Paiva, estudante, falando sobre a proposta do Convites do Brincar
Dessa forma, o Convites do Brincar transforma as brincadeiras em atividades naturais, espontâneas e necessárias para as crianças, constituindo-se em um importantíssimo ponto para a promoção de vivências e aprendizagens significativas.
Além disso, favorece o compartilhamento dos materiais entre as crianças - acabando com a ideia do “meu” para introduzir o “nosso” -, a autonomia de escolha, a autoria, a responsabilidade para organizar a sala depois de brincarem e a liberdade para poderem transitar pelo espaço da sala de referência.
“Percebemos que a verdadeira libertação está no poder de escolha deles para brincarem do que quiserem”, evidenciou Flaviane.
O Seminário pelo olhar dos participantes
Tatiane Gonçalves Ferreira Soares, Coordenadora Pedagógica (CP) da EMEI Cidade Ademar III, elogiou a formação organizada pela DIPED e ressaltou que os espaços e materiais das escolas devem ser geridos em função das necessidades e vontades das crianças:
“Eu percebi a importância da mudança e da reconstrução nas escolas. A iniciativa das professoras e a sensibilidade delas em perceber o que as crianças precisavam fez com que elas ambientassem os espaços de forma que libertasse as descobertas”.
Jonatas Hericos de Lima, professor da CEI Vila Império, concordou com a colega e corroborou a ideia de que os seminários mostraram que a Educação trabalha a serviço das crianças, e não o contrário:
“Eu gostei muito do seminário porque ele trouxe outra ideia para a Educação Infantil. As escolas deixam de fazer ‘assistencialismo’ e colocam o protagonismo infantil junto com a prática docente como mediador. Não é só deixar a criança na creche, é fazer um trabalho educacional em que as pesquisas aconteçam, o que é essencial para que o desenvolvimento dos bebês aconteça de fato”.
Paloma Fortunato, professora da EMEI Leonor, por outro lado, destacou a ideia do “livre transitar” nos dois seminários. Ela entende que a abertura para as mudanças é coletiva e que todos devem participar do processo:
“Devemos criar um ambiente para que todos estejam confortáveis. Incluir não é só matricular na escola, tem que participar. Eu tenho um estudante que não tem um dos membros inferiores, então, junto com as outras crianças, nós afastamos as mesas e liberamos um espaço para que agradasse todo mundo”.
Para Magda Helena Amaral Pereira, CP da CEI Sakura, o que mais chamou a atenção nos relatos foi a presença do Heitor e a fala dele sobre a proposta do Convites do Brincar. Para ela, ouvir o menino falar “foi muito potente, porque, para além das falas das professoras, trazer a criança para que pudéssemos escutá-la foi o que mais me marcou”.
Já no caso da professora Matilde Silva de França, do CEI Pequenos Gênios Flores, ela finalizou dizendo que ouvir os relatos foi um ótimo aprendizado e uma grande oportunidade para evoluir pedagogicamente:
“Os relatos mostraram o que podemos fazer de diferente nas nossas unidades, tanto com relação à escuta ativa quanto com as materialidades. No nosso CEI, já colocamos em prática a proposta do Convite do Brincar. Eles identificam o que querem, nós fazemos a escuta, montamos esses ‘cantinhos’ e eles ficam super felizes”.
André Martinez
Estagiário de Jornalismo
Comentarios